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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O CAMINHO DO MERO SUCESSO PROFISSIONAL


CAMINHOS DE EXISTÊNCIA

29. O CAMINHO DO MERO SUCESSO PROFISSIONAL

A prioridade na vida decide sobre o caminho existencial. O executivo põe a profissão o centro. Em torno dela giram a família, o sucesso, o dinheiro, a glória, o poder. Vocação e profissão se separam. O profissional busca competência, eficiência, produtividade. Anseia por reconhecimento social. Sem ele, sente-se um “zero à esquerda”. Na cultura atual do trabalho, o profissional cresce em importância. Cumpre função socialmente etiquetada. A profissão humaniza-o, realiza-o.
Exige-lhe habilidades. Entra numa roda-viva de estudos e títulos para adquirir sempre maior credibilidade diante da sociedade e assim obter êxito e remuneração. Não para de fazer cursos de especialização, de extensão. De credenciamento. Não suporta fracasso. A velhice, a doença, a aposentadoria batem quais tristes anúncios do fim.
Na idade produtiva, o profissional investe tempo, energia, dinheiro no próprio aperfeiçoamento. Caminho marcado por muitos percalços: falta de estabilidade no emprego, desemprego, necessidade crescente de especialização.
A via do profissional não se pergunta nem se interessa pelo lado vocacional da existência. Satisfaz-se unicamente com a realização competente na profissão. Não frequenta o mundo da gratuidade, da motivação, próprio da vocação. Tem a sedução do êxito nos anos verdes. Não pensa na possibilidade de situações adversas em que a vocação traria luzes e consolo. Não, prefere empenhar-se exclusivamente pela estrada do sucesso, do dinheiro, da realização socialmente reconhecida. Ostenta títulos, o nome da firma em que trabalha. Carece da dimensão altruísta e de entrega própria da vocação. Não conhece gratuidade, generosidade, serviço aos outros. Caminho desgastante e, a longo prazo, frustrante.

Referência:
LIBANIO J. B., sj. O Domingo: Seminário Litúrgico-Catequético. Ano LXXIX. Remessa XVI. São Paulo: Paulus. 18-12-2011.

Tenho sempre o costume de ler as duas últimas colunas do folheto da Missa: O Domingo. Aliás, ler é comigo mesmo! Achei esse texto muito interessante e resolvi digitá-lo e publicar aqui.
O que não falta em nosso meio, são pessoas que ignoram a vocação, por pressão social. Inúmeras vezes ouvi testemunhos de amiga(o)s estudantes, a respeito do curso de Pedagogia. O preconceito que gira em torno desta formação, aqui no Brasil, é muito grande. Mas, por quê? A ideia primeira que remete à Pedagogia é ser Professor(a). E ser Professor(a) no Brasil, ainda é sinônimo de luta, desvalorização profissional, baixa remuneração, etc. Ser Professor(a) neste país, não é status reconhecido. Reconhecido é o status de Engenheiro(a), Médico(a), Juiz(a). Como se para ser um(a) profissional deste(a), não fosse preciso à atuação do(a) Professor(a).
Por vez ou outra, me deparo com Professores(as) que se orgulham de sua profissão. São profissionais que revestidos(as) de orgulho dizem: “Eu sou Professor(a)!” É disso que precisamos. Precisamos mostrar que a vocação, a respeito do que escreveu padre Libanio, deve nortear a vida profissional e não o contrário. Porque depois que passar a fase produtiva, o que restará é a alegria de ter passado pela vida fazendo bem, a que se propôs. É olhar para trás e perceber que o que foi feito, foi por amor à profissão e ao ser humano e não puramente plantar uma estabilidade remuneratória. Adiar uma vocação é perceber tarde demais, que poderia dar certo! E que ter passado a vida cultivando uma ilusória trajetória profissional, foi cumprir simplesmente um roteiro sem bagagem.
Ser Professor(a) é nadar contra a maré. É persistir e assumir sua postura de Mestre(a) e Educador(a), numa sociedade que tanto necessita dos teus favores.
Qual é a sua vocação?
Marilí
18/12/2011

Um comentário:

  1. Esse seu "post" me lembrou a primeira redacao que fiz. Eu escrevi sobre o meu sonho de ser professora. Eu lembro que "viajei" naquele pedaco de papel e coloquei ali toda a beleza que via nessa profissao. Talvez por ter uma mae professora e por ter uma professora tao especial. Uma decada depois os sonhos mudaram mas permaneceu o carinho e respeito pela profissao. Adorei seu texto, Marili! Beijinhos.

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