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domingo, 15 de junho de 2014

Nosso lugar

O festejado escritor italiano G. Papini conta a história daquele homem que não era feliz porque achava que ali onde morava não era o seu lugar. Resolveu, um dia, sair pelo mundo à procura do lugar onde pudesse ser feliz.
Fechou a casa e partiu com a disposição de percorrer todos os caminhos da Terra, sem descansar, até encontrar o recanto de sua felicidade.
Onde chegava, reunia um pequeno grupo a quem explicava os planos que tinha para ser feliz. Afirmava que seus seguidores seriam felizes na posse de regiões gigantescas, onde haveria ouro em abundância. Mas o povo lamentava e não o seguia.
No dia seguinte, novamente se dava a caminhada. Assim, foi percorrendo cidades e mais cidades, anos a fio.
Contudo, percebeu, um dia, estar envelhecendo, sem ter encontrado a terra da felicidade.
Seus cabelos tingiram-se de branco, suas mãos enrilhadas, roupas esfarrapadas, calçados aos pedaço. Além disso, estava cansado de, tão inutilmente, procurar a felicidade.
Enfim, certo dia, parou em frente a uma casa antiga, janelas de vidro já quebrados, o mato cobrindo o canteiro do jardim, poeira invadindo salas e quartos. Dentro, os pardais haviam construído seus ninhos. Era uma casa abandonada.
E, de pronto, pensou que, naquela morada desprezada e sem dono, ele edificaria a sua felicidade: arrumaria o telhado, colocaria novas janelas, vidros novos, cuidaria do jardim, pintaria as paredes, as portas... e cantaria, enquanto vivesse, a canção da felicidade. Tomou uma decisão: vou tratar de ser feliz aqui.
Interessante é o que o homem cansado de tantos caminhos foi andando até chegar ao portão do jardim. Atravessou-o. Empurrou a porta da casa e entrou. Mas de repente, parou e ficou imóvel, qual estátua de pedra: aquela era a sua própria casa, que ele abandonara, há tantos anos, à procura da felicidade. Compreendera, então, o andarilho que dera a volta ao mundo em busca da felicidade e ela se encontrava dentro de sua própria casa, apesar de ele não ter percebido.

Não nos esqueçamos do princípio ético: "Melior pars possidentis", a melhor parte é aquela que possuímos. 

Dom Fernando Iório Rodrigues
Pequenas Histórias, Grandes Lições
Paulinas Editora (p 78)

Não raramente nos esquecemos de valorizar aquilo que possuímos. A rotina não nos deixa ver a beleza, e sim,  insiste em nos apresentar os defeitos, as demoras, as insatisfações diante de tudo que temos e que com tanto sacrifício conquistamos. Devemos lutar contra esse mal ímpeto. Apesar de a rotina ser cansativa, estressante e repetitiva, devemos combater os maus hábitos. Fazer um exercício de parar em meio ao atropelo diário e olhar ao redor com olhos de gratidão. A gratidão é o primeiro passo para a felicidade.

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